quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A Natureza Humana

É raro escrever prosas. Quando o faço é como se pretendesse gritar para um bando de gente surda, que vive cega e fechada em si mesma. Faço-o não como um muro de lamentações, para isso tenho a poesia que tento rabiscar, mas como uma forma de purga do que mesmo calando, me incomoda.
Gosto de ver a evolução das pessoas que mudam consoante o vento...algumas são mais firmes, precisam de "pés de vento", outras de furacões...gosto de ver as mudanças em cada um que me rodeia, às vezes parece que estou a folhear um livro que vai mudando a cada novo capitulo. Uns capitulos mais longos, outros menos extensos, alguns deles muito surpreendentes.
Nisso tenho orgulho na minha biblioteca, que vai desde a Divina Comédia de Dante, até ao pasquim do Tio Patinhas que eu lia quando era miuda. É como uma coleção de cromos que vai sempre actualizando.
Noto as mudanças que o meu pai falava tanta vez: "A maior transformação alquimica de todos os tempos, transformar potaça em linhaça" ele usava sempre o segundo sentido desta frase...hoje, vejo exactamente isto.
Gosto de ver quem precisa, quem não precisa, os modos, as formas, as posturas, as importâncias, os cargos, os estados de fúria, os bons humores, os falsos amores, as formas de olhar, os tons de voz... sim, os tons de voz...porque as pessoas ainda não perceberam que suavemente conseguem mais fácilmente do que à bruta...
Não gosto de perceber necessidade, não gosto de ter de calar porque a minha resposta fere mais. Por norma calo. Por norma firo-me a mim.
Vejo pessoas que nos metem no coração apenas para desferirem mais um golpe, mesmo que nós devamos estar mais do que calejados e não esperar nada dos outros...esperamos sempre qualquer coisa do outros, quanto mais não seja gratidão, já que vivemos numa sociedade urbana e interagimos necessáriamente uns com os outros, esperamos sempre algo, que nunca é mau.
Vejo quem nos devia conhecer, diz-nos prosaícamente que nós não conseguimos, como se as suas verdades fossem inabaláveis...a esses vou dar uma novidade, até o muro de Berlim já caiu! Tudo muda! Tudo se transforma...para esses guardo o momento em que lhes direi: Venci!
Essa natureza que faz com que cada ser humano seja único e cada vez mais assoberbado, mais cheio de falta de tempo...ocupado, quanto mais não seja, consigo mesmo; não ter tempo é desculpa, há sempre tempo desde que se queira. Há casos em que por vezes o querer apenas não é suficiente, mas isso, são outros envolvimentos, um dia falarei deles...
É esta natureza que passa de um servilismo confuso a uma atitude de altivez, no espaço de pouco tempo, tento nunca desmerecer ninguém, provávelmente faço mal, mas sei que serve para descansar melhor quando deito a cabeça no travesseiro...quando consigo dormir...
Não costumo escrever em prosa, mesmo alguma ideias pessoais tento passá-las em versos e baladas para ninguém. Talvez por isso neste momento eu ache que me estou a esticar e não digo nada de jeito...não faz mal...tal como a poesia que escrevo, esta prosa também não é dirigida a ninguém...talvez apenas um paliativo da minha acidez...talvez um gesto na escuridão...o meu alerta: Eu estou atenta!
Aceito a Natureza de cada um e as suas modificações.
Aceitem as minhas, que há tantos que já não me reconhecem!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Entre o ser e as coisas

Onda e amor, onde amor, ando indagando
ao largo vento e à rocha imperativa,
e a tudo me arremesso, nesse quando
amanhece frescor de coisa viva.

As almas, não, as almas vão pairando,
e, esquecendo a lição que já se esquiva,
tornam amor humor, e vago e brando
o que é de natureza corrosiva.

N´água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.

E nem os elementos encantados
sabem do amor que os punge e que é, pungido,
uma fogueira a arder no dia findo.

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Nunca mais aprendo!!

Quantas vezes mo pergunto,
Outras tantas nem respondo,
Por deste belo conjunto,
Que me desanima, por expectativa,
Eu fujo prá toca em que me escondo...

Como te percebo, como te entendo,
Como detesto estas feiras de vaidades,
De gente que aos poucos me vai tolhendo,
Me castra, abandona e faz desistir,
Me faz sentir presa entre grades!

Já nem tento sequer pensar...
Não aprendo por mais que me esforçe,
E deixo tudo, e a caravana vai passar,
Do que eles gostam mesmo é de enfeites...
E não aprendo porque sou das que parte, não torce!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Adoro esta, adivinhem qual é, se conseguirem... :)

(...)
Each morning I get up I die a little
Can barely stand on my feet
Take a look at the mirror and cry
Lord what are you doing to me
I have spent all my years believing you
But I just can't get no relief, Lord!
(...)
I work hard every day of my life
I work till I ache my bones
At the end I take home my hard earned pay all on my own
I get down on my knees
And I start to pray
Till the tears run down from my eyes
Lord (...)
(...)
Everyday, I try and I try and I try
But everybody wants to put me down
They say I'm going crazy
They say I got a lot of water in my brain
Got no common sense
I got nobody left to believe
(...)
Got no feel, I got no rhythm
I just keep losing my beat
I'm ok, I'm allright
Ain't gonna face no defeat
I just gotta get out of this prison cell
Someday I'm gonna be free, Lord!
(...)

sábado, 22 de novembro de 2008

Resultado de um pesadelo

Já tentei...
Já falhei...
Já pensei em repetir...
Para quê?
Para deleite, para gozo, para armar o inimigo?
Estou cansada desta guerra
Da qual me escondo desesperada
Que me acorda fria pela madrugada...
Pensei em dizer...sim...
Pensei melhor... e não dizer...
Para quê?
Acho engraçado a mudança do guião
Aquela que pode ser verdadeira
Consoante quem faça dela a sua cadeira
Para mim serve apenas de prisão.
Tentei e falhei, pois sim!
Pensei em repetir, mas não!
Para quê?
Se afinal fico impressionada
Sem entender o meu ar desesperada
Sem fazer barulho, grito sufocado,
Quase não respiro e lembro-me que acordei!
Afinal, foi apenas um sonho.
Onde nem tentei e já assumo que falhei.
Deverei repetir?
Porque não?

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Não compliquem!

"Do alto destas pirâmides, 7 séculos vos contemplam"...e devem mandar-se pró chão logo a seguir dizendo "ah ceguinha seja eu!!!"...
Porque é que as pessoas gostam tanto de complicar?
Porque é que a Vida nos faz desconfiar, desacreditar à priori??
Afinal, as pirâmides ainda lá estão, não há como não acreditar. Se aquele povo acreditou que passaria os séculos pelos séculos, o que mudámos nós que não acreditamos sequer no dia de amanhã?
O Howard Carter acreditou de tal forma, que quando tentou a ultima vez, achou o tumulo do Tut-Hank-Amon e cobriu-se de Glória.
O Barak Obama, quando tudo apontava que desta vez, seria uma mulher a conduzir o leme dos estados unidos, sim...eles não acreditam nos negros, são mega-racistas, mas como americanos, são perdoados; ele também acreditou. E lá deve estar o Sr. Luther King aos pulos de contente na tumba, custou mas foi!
Gente famosa, gente que ficou importante, mas que também teve os seus fracassosinhos, o que me deixa medianamente inspirada, quem sabe um dia eu serei alguém importante!
Para já...sou importante, no sitio que tenho interesse, na minha casa!
Quando penso nas complicações desnecessárias por ouvir aqui e contar ali, tanto do agrado de tanta gente, surgem-me duas questões:
1ª o lema dos Estóicos "querendo o destino conduz-te, não querendo ele arrasta-te!"
2º há tanta coisa importante na vida, para quê complicar??
Tendencia natural do ser humano...
Cansam-me os humores, as faltas de chá, de consideração, cansam-me a prosápia e os vómitos de cultura que nos fazem sentir mais espertos, perdão, mais inteligentes e cultos que todos os outros...
É triste, mas como adoro ser a tolinha, porque enquanto me veem assim, posso sempre tecer os meus pensamentos, com bordados de algodão ou de ráfia, e como de costume, se for preciso a primeira a gozar, brincar, fazer chiste comigo, sou eu mesma...
Na minha cidade, quanto pior, melhor...é lenha que querem para arder? Eu dou e ajudo a incrementar a labareda...sorrimos ao espezinhar constante, porque todos adoramos complicar, futricar...
Depois ainda dizem que eu gosto de ver "o circo a pegar fogo"...tem dias...tem dias...sobretudo se é nesses dias que me apetecia lá no alto da grande pirâmide, fechar os olhos a tanta atrocidade e por mais 7 séculos não contemplar.
No entanto, mantenho o lema 1º, mesmo que não seja do meu agrado, e esperando por dias melhores, vou querendo a forma actual que tenho, para não ser arrastada de qualquer forma!

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Ao Desconhecido

Brindo!
Ao Desconhecido levanto a taça!
Normalmente todos o devemos sempre temer,
"Medo do Desconhedido", fomos obrigados a aprender,
Seja ele sorridente, ameno, cordial,
Pode a qualquer momento brandir de um punhal
E tombamos, perante o Desconhecido de raça!

Confio por norma no desconhecido,
Até deixar de ter uma razão,
A novidade nem sempre é um bandido
Muito embora confiar possa ser uma ilusão!
Mas não faz mal, eu sou uma lírica,
Uma desgovernada, uma curiosa, uma empírica!

Brindo!
Ao Desconhecido que recebo em festa,
Mostro a casa, dou a janta,
Brinco, falo, pinto a manta,
Eu que sou a má, a que sempre protesta!
Mas ainda assim estou em vantagem,
Temo o Desconhecido, mas mudo a imagem.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Cá está a Diabinha!



La Diablinha...hihihi

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Acabou de acabar

Todos os padecimentos,
Todos os lamentos,
Todos os procedimentos,
Mil tormentos...
Acabou de acabar!

Os choros e os risos,
Murmurios imprecisos,
Todos os seus sorrisos,
Histórias e paraisos...
Sucumbiu e finou!

Pelas suas alegrias,
Por todos, todos os dias,
Esqueço as suas mãos já frias,
Esqueço até as arrelias,
Porque acabou de finar!

Melhor ou pior, eu não sei...
A dor que fica vai passar,
Porque acabou por sossegar.
Por todo o amor que lhe dei,
Que nunca se vai ele finar...

Nunca acabará por acabar! Boa viagem a ti que acabaste de partir...ver-nos-emos mais tarde...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Ondas de Maré

São como ondas de maré
Que vão deixando pequenos charcos
Resquícios de Vida
Vislumbres longínquos de fé
Pequenos mares, sem barcos,
Eternos pontos de partida.

Amigos que tenhamos connosco,
São como actos de fé,
Hoje estão aqui, amanhã não!
Pedaços de um corpo sem rosto
São como ondas de maré
Dilaceram-me a Razão!

Afogamos na expectativa fútil
O desejo que desta vez seja perfeito...
Mas o mar é revolto por defeito
É profundo, sem proa, sem ré
Barco perdido, matriz sem sé
Náufrago, submerso, vazio, inútil...

Amigos são como ondas de maré
Hoje não vivemos sem eles
Amanhã já ninguém mais recorda.
São a nossa braçada para fora de pé,
Nevasca gelada sem casaco de peles,
Cheios, vazios, a onda transborda...

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Eu não sei!

Não sei do vazio que se sente
No convivio com toda a gente,
Sorrindo social, mas falso.
Esse sorriso indiferente,
Sem raiva, de ódio, ausente,
Que empurra ao cadafalso.

Não sei da pedra na garganta,
Da vontade que não levanta,
Da falta de motivação.
Não tenho beleza, nem sou criança,
Não sou triste, seca, vazia de esperança,
Sou alma negra e dura no coração!

Não sei mais o que devo perseguir,
Não sei também desistir,
Nem sei o que é raiva com dor.
Não sei da ausência do sentir,
Ir na onda e deixar fluir,
Não sei o que se espera deste autor!

CB (Não há nada a esperar!)

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Cinzas

Cinza claro, cinza escuro,
Esborratado no meu muro,
No muro do meu Castelo
Onde até o cinzento é tão belo.

Nuvem, névoa, nevoeiro.
Empurra-te o vento ligeiro
Deixa lá, o meu Sol descobrir
Levanta a bruma, deixa-o sair!

No doce embalo, na melancolia,
Nasce em algodão frio, este dia.
Cinza escuro, cinza claro,
Cinzento dos olhos em quem reparo.

Cinza da alvorada incerta,
Cinza na porta entreaberta,
Cinzas num sofá de cetim,
Cinzas gastas, apagadas no jardim.

Levanto o meu nevoeiro constante,
Sou a cinza, sou a lágrima errante.
Sou cinza escuro, sou cinza claro,
A bruma, a perdição e o amparo...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Metade - Oswaldo Montenegro

Que a força das dúvidas que tenho,
Não me impeça de lutar pelo que mereço.
Que as dificuldades de tudo em que me empenho,
Não me retire a coragem com que me reconheço.
Porque metade de mim é o que perdi,
Mas a outra metade é o que ainda não consegui.

Que a música que ouço ao longe seja linda,
Ainda que carregada de impaciência.
Que o homem que eu amo seja eternamente amado,
Mesmo que para mim signifique ausência.
Porque metade de mim é partida
E a outra metade é chegada.

Que as minha palavras sejam pelo menos ouvidas,
Como a única coisa que ainda resta
A uma guerreira com tantas batalhas vencidas,
Mas que mantém uma postura modesta.
Porque metade de mim é o que lutei,
Mas a outra é o que adiei.

Que esta minha teimosia em resistir,
Se transforme na paz conquistada.
Que esta inquietação que me leva a não desistir,
Seja algum dia recompensada.
Porque metade de mim é verdade
E a outra metade é vontade.

Que o medo de perder se dilua
E que todo o pouco que sou, seja visível,
Para que a esperança continue nua
E o desejo seja algo que se torne possível.
Porque metade de mim é acreditar
E a outra metade é querer concretizar.

Talvez seja preciso mais que uma simples alegria,
Para que eu me sinta realizada.
Que no mínimo, haja um pouco de magia,
Para manter o sonho acordado.
Porque metade de mim é cansaço,
Mas a outra metade é viver cada pedaço.

Que a vida me aponte uma solução,
Mesmo que aparentemente dissimulada.
Só não quero ter mais desilusão
Nem mais uma vitoria adiada.
Porque metade de mim é o que me alimenta,
Mas a outra metade é o que o coração aguenta.

Que a minha loucura seja perdoada,
Porque ela é o fruto de tanto querer
E não existe para tornar a vida complicada,
Mas antes para a tentar resolver.
Porque metade de mim é Amor,
E a outra metade também!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

A tua Face Ocultas

Sei que tens uma face oculta, tu és como a Lua...
Sei que só mostras o lado que brilha...
Sei que o outro não o mostras, está escondido!
Pacientemente, espero-te ao fundo da rua
Espero que te apeteça percorrer a minha trilha,
Sei esperar todo o tempo devido!

Sei que sou infima, ainda muito pequenina
Como uma flor que começou a crescer no teu rumo
Mulher, e no entanto, ainda uma menina
Nesse caminho que julgavas ser só teu, mas onde eu me assumo...

Se às vezes eu te parecer mais arredia
Numa ausência fingida, dando paz, fazendo briga,
Deixando o Tempo passar, fazer-te rir,
Apenas serei sempre a que tenta e alivia.
És Lua irmã, e escondes mais do que eu diga!
A tua Caixa de Pandora, eu não vou abrir!

Apesar de calar o que vejo na noite escura
Nem só a Lua tem parte do seu rosto escondido,
Também é lá que escondes a tua tortura,
É lá que fechas a sete chaves o que tens sofrido!

CB

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Estou Ausente!

Estou neste estado, estou ausente!
Estou farta de tudo, de toda a gente!
Quero chegar ao fim da linha!
Sim, eu estou habituada, estou sempre sózinha!
Neste correria em que vivo demente,
Vou dar tudo de mim, não morrer indiferente.

Hei-de dar a provar de volta todo o veneno...
Qualquer tempo de espera, ainda será pequeno!
E nesta furia que me agito, já nem grito
Nesta lufada louca, nem sinto a boca
Por muito que o mundo se mostre aflito
O que quer seja, a minha vingança será pouca!

Sem ferir quem ainda me consegue amar
Sei, que é pena, mas que fecho o lótus em flor,
Porque assim sendo, será capaz de me perdoar
Porque compreende certamente a minha dor!

Não estou viva, nem morta, vou estando,
Vou passando os dias devagar, vivendo o presente,
Tentar afastar-me de todos, mas vou passando...
É neste estado que eu estou... estou ausente!

CB (É assim que te sinto, e como não sei pintar...)

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Entrelinhas

Cansa-me já, ler as tuas entrelinhas...
Cansa-me saber que existes e não existes...
Canso-me de mim!
Sou a sombra que vês e não vês,
O motivo sem tantos porquês...
Na minha casa, fecho-me, sem janelinhas
Fecho-me para não ver como somos uns tristes
Perderam-se Columbina e Arlequim...
Canso-me nos meus dias de labuta
Canso-me sem motivo de me cansar
Canso-me de viver em constante luta
Luta por falta do teu amar!
E ao fim do dia, já sem vontade
Um abraço que não tenho é o teu,
E afogo esta triste e falsa liberdade
Procurando sózinha os braços do Morfeu...

CB - Espero ter-te apanhado nesta breve foto... eu conheço-te minha amiga!

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

O Jogo das Escondidas

Sabes amiga,
Passo por ti e faço de conta que nem percebo,
Mas estou aqui.... Já to disse tanta vez,
Que qualquer dia deixa de fazer sentido...
Sabes amigas...
Como o Eugénio de Andrade,
Por vezes sinto as palavras tão gastas...
Sinto que os meus olhos deixaram de ser dois peixes verdes...
São apenas os meus olhos...
Sabes amiga...
Apesar de não to dizer, sinto muito quando te afastas.
Sei e sempre soube que precisas de ti,
Que precisas de reorganizar,
De te preparar para a Tua batalha: TU MESMA!
Sei como é porque eu sou assim um pouco.
No entanto, quero que saibas amiga,
Que não costumo usar palavras em vão
Sei o seu peso, a sua medida, o seu valor!
Sabes amiga...
Quando te chamo assim, é porque o acho mesmo.
E por isto mesmo não gosto quando me afastas,
Mas respeito o teu afastamento...
Estamos neste jogo há uma semana, e parecendo ausente...
Eu estou mais atenta do que nunca!
Sabes amiga...
O Jogo das Escondidas, não te vai proteger sempre.
E mesmo correndo o risco de gastar as palavras,
Eu sou tua amiga, não te escondas de mim!

CB - dedicado a uma amiga que vive comigo cada dia da semana.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Máscara Veneziana

Corpo esbelto revestido de cetim
Anjo lindo, doce querubim...
A redenção prostrou-se a teus pés...
Sonho perfeito, sonho dourado
Neste meu dormir sempre acordado,
Máscara com sorriso em viés...

Posso sempre disfarçar-me de trovão
Que brinca pelas nuvens dos meus dias,
Fria, inerte, sem mais coração
Sem palavras, sem rosto, sem ousadias.

A perfeição não é o meu apelido
Não é meu o poder da oratória.
Mas posso encenar algo destemido.
Sou Máscara Veneziana sem memória...

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Menino, quero qualquer coisa...

Apetece-me, qualquer coisa...
Tanto faz porque sei que preferem a mentira...
Apetece-me rebentar todas as máscaras,
Rasgar todos os cenários,
Denunciar todas as mentiras,
Por o dedo na ferida, de preferência com Sal!
Apetece-me, qualquer coisa...
Porque cada vez menos tenho vontade!
Sei que não há pior cego que o que não quer ver,
Sei que a dor da perda é maior que o afago da negação,
Sei que luto sozinha, como sempre...
Mas desta vez quero sangue!
Apetece-me, qualquer coisa...
Porque perdi a compustura a larguei eu mesma a minha máscara,
Porque deixei de fazer o frete e falei,
Porque não quero mais ser a pobre coitada,
Porque estou farta de gente mimada e mal educada!
Gente que monta tanto na vida...
Gente que não tem tento na lingua...
Gente que vê apenas vil metal e o seu umbigo...
Gente que não se enxerga!
Apetece-me, qualquer coisa...
Como derramar palavras doridas,
Estas que escondem as minhas feridas,
As que encontro mais à mão para me consolar
Para me ajudar neste meu purgar...
Aprendi a correr atras quando não quero,
E vou provar a solidão e o desespero,
Mas não serei a unica a titubear
E espero destruir o carnaval que armaram!!!
Apetece-me, quebrar o mundo, ou qualquer coisa...
Porque deixei de acreditar que alguém nos protege
Quando o protegido é sempre o mesmo coitadinho...
Se sou amarga? Talvez...
Se calhar porque me fartei de vez...
E já só me apetece, qualquer coisa!

terça-feira, 27 de maio de 2008

Minha Lua

Bela, longinqua, impossivel... Minha Lua!
Chamo-te minha, mas sei que não és...
Fascinas-me,
Dominas-me,
Deixaste-me siderada
No teu brilho doce e pálido viciada...
Lua linda do meu céu,
Fazes do meu corpo o teu altar
No meu sonho, retiras-me o véu
Minha Lua...tiras-me até o ar...
Doce, suave, meiga... Minha Lua!
Chamo-te minha só para mim, porque sei que não és...

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Mãe de Mágoa

Às vezes não sei o que esperas de mim...
Às vezes nem sei o que espero de ti...
Erro meu, que espero sempre!
Erro meu, que sempre me dou!
Ao invés de te preservar.
Vejo que devia usar e abusar!
Talvez assim me valorizasses...
Talvez assim não me criticasses...
Porque eu resolvo sempre os meus problemas!
Porque eu luto sempre sózinha!
Levas a que despreze os outros sem razão...
Levas-me ao choque, à minha negação...
Se eu falho, tu foste a primeira a falhar!
Mas deixo-te nessa tua cegueira,
Que te faz ver apenas os teus elefantes cor de rosa...
E eu vou vivendo à minha maneira,
Sem ajudas, sem conselhos, sem guião,
Com mais esta dor no meu coração.
Esta mágoa que me embarga a voz
Me enche de uma raiva feroz
E que tenho de calar bem fundo.
Calo, para ninguém mais ver,
Para poderes tomar-me por fria e seca, mesmo sem o ser!

Qualquer dor deste género
Depois de bem escarafunchada,
Mostra o quão o tempo é efémero,
Mostras-me que prezas o "nada"!
Fico a sangrar lágrimas sem sal
Pela dor que o peito me corrói
E espero que conheças um dia o "tal",
Que te faz inclinar, que me destrói.
Não me estás a dar oportunidade
O teu jogo está decidido
Dói tanto que quase chego à insanidade,
Mas também tu terás o troféu merecido!
Tens essa estranha forma que dizes gostar,
Transformas as minhas lutas em coisas vagas...
Espero que o tempo possa apagar
Estas dores, estas feridas, estas chagas...

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Estação forçada

És como um comboio na gare,
Impossivel porque está cheio
Mas está ali, parado,
E eu não o consigo apanhar...
Recusas sair do carril,
E eu estou cansada desta espera
Preciso de avançar
Porque sei que já outro comboio me aguarda...
Mas teimo, e nem sei porquê,
Já tens as carruagens lotadas
E cada passageiro delas
É uma lágrima que já chorei...
Canso-me...exaspero-me...
Nesta estação que insistes em manter.
Estou farta de sofrer!
Deixa-me seguir a minha viagem,
Fecha as portas!
Tem coragem!
E deixa-me ir, se já não há lugar para mim...
Não me prendas mais nesta gare
Se não pretendes que sigamos a dois!

À minha amiga querida, nesta fase que atravessa, para que saiba que consigo entendê-la. Beijos à Shiba-Xana!

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Por trás dos olhos, não se vê

Por trás dos olhos não se vê
Finalmente, onde me escondo,
Onde sossego sem porquê,
E fecho a minha porta quase sem estrondo.

Vejo no quão me tornei segura
Empenhando todo o meu esforço
Vou resistindo, sorrindo à tortura.
Porque continuo a partir, mas não torço!

Deixo embalar o meu coração
Já ao som de qualquer canção
Porque me canso da discussão
Canso-me à exaustão...

Cansei-me de ser sempre culpada,
Perder a pose, ficar atrapalhada,
Voltei a ter a rédea de Ser
E já não há nada para me suster!

sábado, 26 de abril de 2008

Morreram as palavras

Deixaram a beleza, o valor
Continuo a usá-las porque me habituei
Porque para meu terror
Estou demasiado ligada, já me viciei!

Pelas palavras sou acusada
Criminosa, Ré, Culpada,
Sem escapatória nesta rotina
Condenada á guilhotina!

E neste prazer de ripostar
Esqueço todas as palavras bonitas
A sua beleza, o som de encantar,
Só me deixou as interditas.

E como incêndio que se apaga
A pouco e pouco acabaram
Deixando apenas cinza que se esmaga.
Morreram as palavras. Finaram!

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Dissertação

Hoje apeteceu-me puxar uma almofada, sentar-me no chão, acender um cigarro e dissertar...sento-me no chão porque gosto de me manter com os dois pés na terra, apesar de me deixar ir no fumo do meu cigarro...
Só pela mera dissertação, só por estar farta de regras, de normas de conduta, de espartilhos que nos cingem a agir no sentido de "parecer".
Diz o velho ditado, que nem tudo é o que parece! Gosto de me aperceber de certezas absolutas, daquelas inabaláveis que todos temos, gosto de me aperceber como são tão frágeis e caem por terra e fazem desmoronar ideais, anos de vida, percursos integros com um simples estalar de dedos.
As pessoas são tão diferentes...os seus objectivos são plurais...e infelizmente, torna-se cada vez mais vulgar a aposta no "parecer", contingência da sociedade de Marketing em que estamos inseridos, em que por cada encontro, quase temos de fazer um call report ao invés de em silêncio assentar...
Há uns dias pergutaram-me o que eu gostava de ver nos comportamentos das pessoas, respondi que gostava de tudo. Na altura, disseram-me que a resposta era uma fuga à pergunta, mas não é. Gosto mesmo de dar uma de socióloga e verificar as teorias de behaviorismo que aprendi em sociologia na escola... ou na psicologia da mesa do café à porta da faculdade...

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Feira das Vaidades

Estou quarto minguante...
Perdida, isolada, Sózinha nesta estrada.
Estou nuvem errante...
Sorriso no semblante,
A Vida é assim. Perdida em mim,
Numa perdição constante. Sou eu que me afasto!
Nesta feira de vazio, Não vou por arrasto!
Sou eu que me condeno,
E me afogo neste rio,
Nesta vaidade de Inferno!

segunda-feira, 31 de março de 2008

Sem titulo

Está tudo arrumado sem medos,
Na pedra de gelo escrevi
Acabaram-se-me os segredos
Arrumei tudo longe daqui.

A rocha da Espada de Artur.
armário fechado sem Papão.
Avalon, Excalibur...
Desordem, Caos, Criação.

Plano de futuro, Karma
Rumo que segue sem norte
Espada que desfere, desarma
Poema, sina, maldição ou sorte.

Crista de onda, maresia
Nada a dizer, nada a comentar, S
em segredos, sem armas, vazia,
Desespero na calma do esperar.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Alfinete

O alfinete sou eu.
Sou o punhal do Romeu,
Gladiador no Coliseu.

Sou a faca de lardear
Sem peça para rechear
Faço só o dilacerar.

Não sou bálsamo, sou veneno
Servido em frasco pequeno
Que mata leve e lentamente
Deixando tudo dormente.

Sou cavalo sem bridão nem espora
A causa do que não melhora
Sofrimento a toda a hora.
Sou o centro da tempestade
Uma fúria sem vontade
A pura, e a falsa verdade.

Sou delirios de grandeza
A desprezível tristeza...
Sou cortesã sem vestido ou corpete
Sou apenas o alfinete.

quarta-feira, 5 de março de 2008

A que a todos espera...

Agri-doce tão maviosa,
Tão envolvente e melosa,
Mulher que vem e agasalha
Veste de negra mortalha,
Toque de ouro e cetim
Seduz com o triste fim.
Por ela anseia o poeta
Como taça, prémio na meta.
A doçura terna e quente
Da guilhotina eminente,
Dá gosto, sabor à vida
Triste, só e deprimida.
Em plena noite é chamada
Para trazer uma alvorada
E com o frio envolver
Ternamente quem vai morrer.
Senhora da noite ou do dia,
Tez pura, dura e fria,
Aponta o fim do caminho... S
olidária do sózinho...
Engana, deleita o incauto,
Enfeitiçando, qual arauto,
Acenando com o Paraíso
De gélido e doce sorriso...
Dela quer o seu abraço
O poeta, feito em bagaço,
Esmagado pela melancolia,
Pelo Ego, pela mediania,
Alegando ser muito melhor...
Preferindo ser o seu Senhor...
Num casamento desejado,
Pelo poeta que se sente abandonado.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Adeus - Eugénio de Andrade

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava, porque ao teu lado todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade, uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.

Eugénio de Andrade

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

O certo ou o errado

Ying, yang,
O certo, o errado,
O aberto, o fechado,
O que é e o que não pode ser,
O homem,a mulher,
O querer, o poder,
O ter, o parecer,
O acalmar, o desorientar,
O ter de sobreviver,
O viver para dar,
O desejar...
O amar...
A paixão e a razão,
Calar fundo no coração,
O pânico, a invasão,
O medo pela explosão...
A paz, a guerra,
O astro, o Sol, a Terra,
A tirsteza que soterra,
Dor que ferra.
A cópia, o original,
O bem e o mal,
Ying, yiang...
O certo ou o errado?

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Cinzenta

Estou cinzenta
Como a nuvem que passa
Chuvosa, copiosa, macilenta
Espero o fim da tormenta
O fim desta vil carcaça...

Cinzenta, nem branca nem preta
Meias tintas, eterno "nim"
Enquanto não tenho meta
Enquanto não chegar o fim...

Cinzenta, cinza de vulcão
Cinza de baço negrume
Porque nunca mais atinjo o cume
Nem me queimo com o seu tição...

Cinza de mar assim revolto
De ondas altas e iradas
Das profundezas levantadas
De um mar negro...de um mar morto...

Cinza esperando pelo vento
Que levemente as espalha no ar
Que chove da cor de cinzento
Que no meu peito faço calar...