quarta-feira, 30 de abril de 2008

Estação forçada

És como um comboio na gare,
Impossivel porque está cheio
Mas está ali, parado,
E eu não o consigo apanhar...
Recusas sair do carril,
E eu estou cansada desta espera
Preciso de avançar
Porque sei que já outro comboio me aguarda...
Mas teimo, e nem sei porquê,
Já tens as carruagens lotadas
E cada passageiro delas
É uma lágrima que já chorei...
Canso-me...exaspero-me...
Nesta estação que insistes em manter.
Estou farta de sofrer!
Deixa-me seguir a minha viagem,
Fecha as portas!
Tem coragem!
E deixa-me ir, se já não há lugar para mim...
Não me prendas mais nesta gare
Se não pretendes que sigamos a dois!

À minha amiga querida, nesta fase que atravessa, para que saiba que consigo entendê-la. Beijos à Shiba-Xana!

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Por trás dos olhos, não se vê

Por trás dos olhos não se vê
Finalmente, onde me escondo,
Onde sossego sem porquê,
E fecho a minha porta quase sem estrondo.

Vejo no quão me tornei segura
Empenhando todo o meu esforço
Vou resistindo, sorrindo à tortura.
Porque continuo a partir, mas não torço!

Deixo embalar o meu coração
Já ao som de qualquer canção
Porque me canso da discussão
Canso-me à exaustão...

Cansei-me de ser sempre culpada,
Perder a pose, ficar atrapalhada,
Voltei a ter a rédea de Ser
E já não há nada para me suster!

sábado, 26 de abril de 2008

Morreram as palavras

Deixaram a beleza, o valor
Continuo a usá-las porque me habituei
Porque para meu terror
Estou demasiado ligada, já me viciei!

Pelas palavras sou acusada
Criminosa, Ré, Culpada,
Sem escapatória nesta rotina
Condenada á guilhotina!

E neste prazer de ripostar
Esqueço todas as palavras bonitas
A sua beleza, o som de encantar,
Só me deixou as interditas.

E como incêndio que se apaga
A pouco e pouco acabaram
Deixando apenas cinza que se esmaga.
Morreram as palavras. Finaram!

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Dissertação

Hoje apeteceu-me puxar uma almofada, sentar-me no chão, acender um cigarro e dissertar...sento-me no chão porque gosto de me manter com os dois pés na terra, apesar de me deixar ir no fumo do meu cigarro...
Só pela mera dissertação, só por estar farta de regras, de normas de conduta, de espartilhos que nos cingem a agir no sentido de "parecer".
Diz o velho ditado, que nem tudo é o que parece! Gosto de me aperceber de certezas absolutas, daquelas inabaláveis que todos temos, gosto de me aperceber como são tão frágeis e caem por terra e fazem desmoronar ideais, anos de vida, percursos integros com um simples estalar de dedos.
As pessoas são tão diferentes...os seus objectivos são plurais...e infelizmente, torna-se cada vez mais vulgar a aposta no "parecer", contingência da sociedade de Marketing em que estamos inseridos, em que por cada encontro, quase temos de fazer um call report ao invés de em silêncio assentar...
Há uns dias pergutaram-me o que eu gostava de ver nos comportamentos das pessoas, respondi que gostava de tudo. Na altura, disseram-me que a resposta era uma fuga à pergunta, mas não é. Gosto mesmo de dar uma de socióloga e verificar as teorias de behaviorismo que aprendi em sociologia na escola... ou na psicologia da mesa do café à porta da faculdade...

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Feira das Vaidades

Estou quarto minguante...
Perdida, isolada, Sózinha nesta estrada.
Estou nuvem errante...
Sorriso no semblante,
A Vida é assim. Perdida em mim,
Numa perdição constante. Sou eu que me afasto!
Nesta feira de vazio, Não vou por arrasto!
Sou eu que me condeno,
E me afogo neste rio,
Nesta vaidade de Inferno!